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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Como se dá a análise? O Papel na Escuta

Retirei do Blog de Andreneide Dantas: O que melhor define nossa prática: a Escuta, que, desde Freud, tem possibilitado àquele que sofre, encontrar-se naquilo que diz. É através do discurso que o sujeito revela seus sintomas e só através da palavra pode livrar-se disto que o incomoda.
No início da análise as queixas referem-se à mãe, ao pai, patrões, namorados, filhos, maridos, falta de sorte, destino etc. Em alguns casos, a lista é enorme; chegam em posição de objetos, vítimas que nada têm a ver com o que lhes acontece e nada podem fazer a respeito da desordem em que se encontram, porque foram "colocados" neste lugar.
O trabalho do analista é mostrar ao analisando sua insubstituível colaboração para sair desta desordem. O analista escuta o discurso do paciente sem tentar compreender o que este fala, ao contrário, lê aquilo que escapa aos outros campos de discurso, trabalha com os lapsos, sonhos, interroga sobre os esquecimentos, lembranças e sintomas. Um ato falho, um lapso, podem falhar em relação à comunicação mas falam da verdade inconsciente.
Um sintoma sempre diz algo, mesmo em forma de enigma; mas poucos querem saber sobre as causas dos sintomas: porque adoeceram em determinado momento de suas vidas, porque não conseguem parar de comer em excesso, porque fracassam no trabalho, no namoro ou no casamento, não conseguem ter filhos, porque são dependentes químicos ou dependentes de alguém etc.
A análise possibilita ao sujeito descobrir acerca do desejo inconsciente que o mantém ligado aos sintomas. Quando faz esta descoberta, pode dar a si próprio um lugar diferente daquele que tinha antes de ser analisado. Assume que é responsável por seus sucessos mas também por seus fracassos.
Pode assim, organizar-se em seu discurso e encontrar o fio que permite sair do labirinto de seu próprio desejo. Trabalhamos com o desejo inconsciente que é território de descoberta. Muitos analisandos assustam-se quando descobrem que o que dizem ou deixam de dizer, tem conseqüências no corpo e em suas vidas.
Ocupamo-nos, especialmente com aquilo que "não anda" para o paciente, seus impedimentos, fracassos, doenças. E trabalhamos com cada sujeito em particular. Se cada indivíduo tem sua história, (seu lugar ao nascer - se foi desejado ou não- posição na cadeia familiar, irmãos) sua subjetividade, sua singularidade, analisamos cada caso como único, não existindo uma resposta coletiva ou ortopédica, nenhum tratamento massivo. Só falando no dispositivo analítico, de si, de sua história, cada um pode descobrir seu próprio desejo inconsciente.
Algumas pessoas questionam o tempo da sessão na análise lacaniana: é um tempo onde as sessões não são reguladas estritamente pelo relógio mas por um tempo lógico (ou ilógico) tempo do inconsciente, em que o analista escuta, interroga e pontua a fala do analisando podendo cortar a sessão no determinado momento em função do aparecimento de um representante do inconsciente (significante). Este momento é sempre inesperado, e o corte permite a continuidade do trabalho do inconsciente, possibilita que, mesmo fora da sessão o sujeito continue associando, fazendo suas descobertas.
Uma experiência de análise não é fácil de explicar, mas, para aqueles que pretendem saber sobre seu desejo, a análise é o caminho.
 

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