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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

A Psicanálise E As Datas Comemorativas

Dia dos Namorados, Dia das Mães, Dia das Crianças, Natal...
Uma vasta gama de datas comemorativas que são destacadas insistentemente pelos meios de comunicação e que podem catalisar emoções, lembranças, desejos, frustrações, razão pela qual, devem ser levadas a sério na Terapia.

A humanidade desenvolveu CALENDÁRIOS como uma tentativa de compreender, prever e até conquistar o TEMPO e, assim, acalmar boa parte de nossos temores quanto a este conceito que parece fluir em constante fuga, sendo a distância entre a causa e o efeito de tudo que presenciamos. Estabelecer e seguir um calendário é adquirir a sensação de segurança, de integrar-se ao ritmo do Universo e esta iniciativa é milenar e comum a todas as culturas. …”

Além dos sistemas de medição da passagem do tempo, seja lunar ou solar, adotado pelas mais variadas culturas seculares, o indivíduo comum era alertado pelas evidências da natureza, quanto à chegada, por exemplos, da primavera, do inverno, enfim, momentos de mudanças, cuja ansiedade era aplacada com rituais religiosos.
Nos dias de hoje, perdeu-se boa parte da percepção da passagem dos ciclos pela observação da natureza; porém, os meios de comunicação suprem esta tarefa (quem sabe, em demasia...) de lembrar a todos os rituais de cada período, geralmente por razões comerciais/mercantilistas e não mais por motivações religiosas.

Para ilustrar: o mês de Junho, no hemisfério norte, é o período do solstício de verão e, como o nome sugere, na mitologia grego-romanas, era dedicado à deusa Juno (Hera...), em especial ao seu aspecto de defensora das relações amorosas, casamentos e fidelidade. Com o advento da igreja católica, em sua estratégia de incorporar os cultos já existentes, versando-os aos seus interesses, os atributos da deusa Juno foram distribuídos a vários santos “casamenteiros”: sendo São João e Santo Antônio, os mais populares no Brasil e celebrados neste mesmo período. Tamanha é a popularidade destes ritos em nosso país, que, ao “importarem” a data comemorativa do Dia Dos Namorados, alteraram a data para coincidir com a véspera da homenagem a Santo Antônio. Este feito é atribuído ao comerciante e publicitário João Dória, que investiu na idéia por 10 anos seguidos, antes de sua consagração na sociedade brasileira.

A interferência dos meios de comunicação também pesa na história do chamado Dia das Mães. Em todas as culturas antigas, a maternidade era celebrada nos ritos da Primavera, como era o caso da deusa Rhea, esposa de Cronus e mãe de Zeus. No cristianismo, associou-se à imagem de Maria. Na modernidade, pesou a história da americana Anna Jarvis, que organizou com grupo de amigas, homenagem à própria mãe falecida, sensibilizando a sociedade a tal ponto que, em 1914, o presidente formalizou a data de 9 de maio para todo o país. Por influência americana, cerca de 40 países adotaram a idéia; no Brasil, foi introduzida pela Associação Cristã de Moços (ACM) em 1918 e, em 1932, foi oficializada pelo presidente Getúlio Vargas, como sendo o 2o domingo de maio.
Seja lembrados pela Natureza, seja pelos veículos de comunicação (especialmente estes, nos dias de hoje...), fato é que sentimentos e desejos são despertos, estimulados pelas datas comemorativas.

No citado texto “Obrigação de Ser Feliz”, tecemos considerações sobre o efeito das propagandas que, praticamente “exigem” felicidade de todos, mesmo que não seja este o momento do indivíduo e o quanto isto pode induzir a mascarar os sentimentos.

O mesmo poder de “cobrança” pode ser acionado nas demais datas comemorativas. Toda a mídia expondo casais felizes e sensuais no Dia dos Namorados pode ampliar a frustração de quem não goza destes privilégios, ou aumentar a auto-ilusão naqueles que não estão em condições de analisar profundamente a relação em que vivem.... Publicidades do Dia das Mães chegam a (ab)usar até do sentimento de culpa, ressaltando o quanto cada um deve à pessoa que lhes deu a própria vida e que o presente deve ter valor proporcional a tamanha dádiva impagável... E quanto àqueles que perderam estes entes queridos, sendo relembrados de sua dor a cada capa de revista lida, a cada comercial na televisão, ou nas rádios...

Enfim, como profissionais da Psicoterapia: Psicólogos e Psicanalistas, devemos conhecer as datas comemorativas, bem como suas origens e o quanto podem influenciar o momento de nossos Clientes/Pacientes, para que prestemos ainda mais atenção e assistência quanto aos temas reforçadamente lembrados nestes períodos.

Texto adaptado por Jane Sabino da Revista de Terapia Holística doSINTE