A partir de hoje, vou enumerar alguns conceitos referentes a técnica psicanalítica para você, estudante ou analisando conhecer mais sobre o nosso trabalho; e, para você colega profissional, que pode estar em uma determinada corrente e não estar em contato com outras, admitindo por isso, conceitos diferentes:
1- O par analítico: Forma-se quando se dá a confiança total e irrestrita no terapeuta. A partir daí, começa efetivamente o tratamento, na medida em que o paciente passa a fornecer ao analista todos os subsídios para um futuro diagnóstico com alguma precisão. Ressalte-se que a formação adequada do par analítico reduz sensivelmente a intensidade da resistência, muito comum na terapia analítica. A confiança total no analista faz com que, mesmo resistindo, o paciente, em dado momento, mediante as técnicas adequadas, revele conteúdos traumáticos, o que não o faria em hipótese alguma numa situação normal de vida.
2- Transferência- Resposta afetiva dada pelo paciente ao analista. É uma decorrência natural da formação do par analítico. Por confiar irrestritamente no psicanalista e fornecer-lhe, consciente ou inconscientemente, todos os dados relativos à sua estrutura emocional, o paciente passa a estar numa espécie de estado de dependência. Ele então passa, desta forma, a nutrir em relação ao analista sentimentos libidinosos e, mais comumente, pulsões fraternais, como uma necessidade intensa de ternura e apoio. As manifestações de transferência são bastante importantes para o desenrolar do tratamento, requerem do terapeuta uma grande habilidade no sentido de transformá-las em benefício para o analisando. Elas costumam viabilizar as mais importantes revelações, capitais para a elaboração de um diagnóstico.
3- Contratransferência- Resposta afetiva dada pelo analista ao paciente. Também é normal e até saudável nas suas devidas proporções. É bastante razoável que, num processo íntimo de revelações como é a psicanálise, haja algum apego afetivo ao paciente. No entanto, isto não deve representar a quebra dos limites da relação terapeuta/paciente, restrita ao consultório. Vale lembrar que alguns excelentes profissionais jogaram fora suas carreiras devido a esse tipo de deficiência, que pode ser causada por problemas afetivos ou intelectuais da parte do psicanalista: complexo de Édipo não controlado ou não resolvido, má formação profissional, vida desestruturada no plano sexual, etc.
4-Analisabilidade- É normalmente no período de anamnese que o psicanalista tem condições de avaliar até que ponto aquele paciente é ou não analisável, isto é, se ele constitui ou não público para o tratamento psicanalítico. Antes de mais nada, convém lembrar que a psicanálise não se propõe a tratar pacientes com problemas estruturais: distúrbios mentais não adquiridos, parte integrante da estrutura cerebral deficiente de certos indivíduos. Na verdade, o público da psicanálise é o indivíduo "comum", que vive em sociedade e enfrenta dificuldades para encontrar o equilíbrio. Consequentemente, pode-se afirmar que qualquer pessoa com problemas mentais efetivos, estritos, não representa público para a psicanálise. Em contrapartida, qualquer pessoa com desequilíbrios afetivos ( que não são poucas) são pacientes em potencial do psicanalista.
Observe-se, em caráter complementar, que parentes, amigos ou pessoas que pertençam ao círculo de relações cotidianas do terapeuta também não são analisáveis por ele, por conta do grau de transferência e contratransferência que já existe anteriormente ao tratamento.
Obs: Esses conceitos continuarão em outro momento, e ainda: será publicada uma postagem sobre sonhos tão logo possa, pois há pessoas pedindo com insistência. Vale lembrar que não esquecemos das postagens pedidas.