A DIFICULDADE DE ENTENDER A TERAPIA
As pessoas têm uma tendência a criar uma expectativa ilusória que a
terapia apresentará uma fórmula milagrosa para transformar suas vidas. Seja
qual for à terapia que escolham, logo estão decepcionadas com a falta de
resultados e consideram como ineficiente os recursos terapêuticos utilizados.
Durante minha experiência terapêutica, pude observar com clareza o processo que conduz a pessoa do estado de expectativa para o estado de frustração.
A Psicanálise é subjetiva e por isso mesmo os resultados são demorados. Alterando a sua forma de pensar, ou seja, fazendo você pensar mais é difícil e demorado, pois assumir nossa postura errada diante do mundo demora. A causa de todo sofrimento, tem que ser tratada somente com a participação da própria pessoa que está em desequilíbrio, como agente principal da cura. De nada adianta uma terapia se a pessoa estiver refratária a ela.
Não existe nenhuma fórmula mágica. O caminho da cura é a capacidade interior que todos trazemos de nos transformarmos.
Às vezes o problema é que o paciente pretende ouvir algo que aprove sua conduta. Ele espera determinada resposta às suas questões. Mas, quando se trata de um tratamento sério e imparcial, quase sempre, há uma enorme frustração por conta do paciente, que não previu uma resposta diferente daquela que gostaria de ouvir. Não há o poder de mudar ou transformar ninguém sem que a pessoa seja retirada de sua zona de conforto. Seja qual for à terapia, ela só obterá sucesso definitivo com a participação integral daquele que a recebe.
Estar atento requer vontade própria e foco. Existem terapeutas e terapias maravilhosas, mas infelizmente, não conseguem penetrar as entranhas da pessoa pela força. Tanto o terapeuta quanto o paciente têm que vivenciar o processo terapêutico conscientes da responsabilidade que cabe a cada um. O terapeuta é o ser compassivo que munido de uma lanterna, dá as mãos para o paciente e segue junto com ele o caminho do autoconhecimento e da transformação.
Há que ser paciente, há que não ter tantas expectativas em cima do terapeuta. Há que ter calma, e, há que se implicar realmente na própria história.
Nesse
mar freudiano, vamos navegando e buscando conexões, respostas, indagações,
elucidando dúvidas e criando as referências para um entendimento de um viver
melhor, ou menos neurotizado possível. Contemplar um riso largo com brilho no
olho vivo: eu consegui, finalmente! Perdoar. Ultrapassar. Sair do labirinto. O
reencantamento se aproximou de novo. Posso amar sem armadilhas. Partilhar o
cotidiano sem os fantasmas parentais, às vezes eles vêm (são teimosos), mas vão
embora tão logo me conscientizo da atuação energética, comportamental ou nas
atitudes. É um vigiar constante para não me deixar esvaziar no outro, ser o
outro, o espelho do outro,
Adaptação: Jane Sabino de Oliveira. Dr.ª em
Psicanálise Clínica
CBO: 2515-50 – CRT: 40048
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